18 agosto 2013

[Mais uma da matina] Conversar para esquecer


Olhei no relógio três vezes seguidas. Pela primeira vez não estava preocupada com meu horário de dormir, ou como ouviria se me pegassem acordada naquela hora. Eu realmente estava com a cabeça cheia de mais para dormir. Como eu deixei as coisas chegarem a esse ponto? Como eu pude fazer nada? 
Eu queria não me importar com aquela situação toda. Levantei-me, peguei um casaco no meu guada-roupa, atravessei toda a casa com o máximo de silêncio que alguém pode fazer. Me esgueirando pelo corredor peguei a chave. "O que eu estou fazendo?"- pensava. Tinha que revolver as coisas e tem  que ser agora. Já no lado de fora da casa me perguntava por que não tinha pego um casaco maior. Estava congelando. Mesmo assim fui. A rua parecia maior do que o normal, me fazia lembrar de tudo que passamos ali. 
Estávamos felizes em todas as lembranças que passaram na minha cabeça. E poderíamos ter continuado assim. Finalmente já tinha aquela rua acabara, mais alguns passos largos, mais algumas batidas aceleradas, mais alguns tremores de frio até avistar sua casa. Duas pedras na sua janela. A luz acendeu "Isso! Consegui acorda-lo" - Eu pudia jurar que pelo seu sono pesado, não acordaria nem se quebrasse sua janela- 
-Você podia ter me atingido com uma dessas pedras.- Disse ele com uma voz sonolenta- O que foi? Sentiu saudades minhas?
-Mas é claro que não.- resposta que minha mente teimava contrariar- Eu estava, com vontade de te dizer umas verdades. 
-Ainda com raiva? 
-Muita. -Disse batendo queixo-
-Aí fora parece estar frio. Só um minuto. -Ele fechara a janela e alguns minutos depois estava na porta- Vamos entre!
"É minha única opção antes que eu congele" Entrei, fui ate um canto da sala e me sentei. 
-Então pode falar.
-Por que ela?
-Existem coisas que não são entendíveis. O amor não explica.
-Então realmente você me esqueceu e se apaixonou pela minha melhor amiga?- Ele assentiu com a cabeça- O que eu devo fazer com esse buraco que você deixou? 
-Me esqueça, sim? É passado! Conheça mais pessoas, vai fazer bem para você agora. 
-Não posso te esquecer, estou fazendo o máximo para não te odiar, mas pelo menos podemos ser amigos?
-Se é assim que você quer, eu aceito.- Sorrimos-
Ele me levou em casa. 
-Adeus, obrigado! - disse já entrando e pude ouvir o adeus baixo dele. Ninguém havia acordado. Peguei meu notebook e em bloco de notas escrevi o quanto ele era uma pessoa legal. Parece que em apenas uma conversa, eu consegui superar a perda do amor da minha vida, superar meu passado. É assim, nunca tente resolver as coisas sozinha, converse. 
Já estava amanhecendo, precisava dormir. Peguei algumas cobertas e me deitei. Não parava de pensar, o que poderia acontecer daqui para frente. 

Postado por Mayara Araujo Viana às 08:04

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